DECIMAR BIAGINI

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Advogado e Poeta Cruzaltense

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terça-feira, 10 de maio de 2011

DOIS POEMAS DIÁRIOS

As tantas folhas que não escrevi

Não é culpa do leitor este pranto
E sim da minha falta de criatividade
Como quem deixa o sapato num canto
E abdica de trilhar a busca da verdade
Por conta do fardo do amor e seu ledo encanto
O poeta já perdeu a credulidade na outra metade

No entanto, não é culpa do leitor minha felicidade
Como quem segue cego o caminho do nirvana
E com os amplos olhos da luz do coração, na flor da idade
Nem serenata, nem alfarrábios, só a musa me chama
É como a rosa única, o anjo místico, o amor de verdade
Como pode um poeta em verve, sair tão rápido da lama?

Vida de poeta é uma freqüencia que beira a bipolaridade
Sim, as tantas folhas que não escrevi foram sentidas por quem ama!

Decimar Biagini

ÂNIMO EXALTADO

Ele acordou
Foi urinar
Então retornou
Voltou a urinar
Pigarreou
Seguiu a ninar

Levantou antes do galo
Tocou as trinta badaladas
No cume de sua igreja serrana
Voltou pensando, mais uma mijada
Tão enferrujado quanto aquele badalo
Tornou a deitar em sua cama
Queixou-se a Deus por sua sina

Da razão de morrer sozinho e velho
Nenhum sinal, nem mesmo uma luz
Pegou então seu alfarrábio vermelho
E começou a relatar sobre sua pesada cruz

Torna a levantar, vai ao banheiro
Veste-se e vai ao altar, falar mal do dinheiro
Das furnicações da carne e do álcool

Depois ergue a óstia e o cálice de vinho
Como um raio, busca um ânimo exaltado
Fala da carne e do sangue do Salvador
Depois retorna à sacristia, deita em seu ninho
E lá conta com alegria, o dízimo ofertado ao Criador

Decimar Biagini

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