O pobre homem do campo
Tremendom nas mãos da Excelência
Em calvário sacro-santo
Após longa espera pela audiência
O olhar a fugir de canto
No sorver da mágoa com o patrão
A justiça, seu único manto
A cobrir a penúria da exploração
Os Advogados a se degladiar
Em disputa de egos e autofirmação
O Juiz, de olhar corrido ao folear
A manter a ordem na discussão
Mensuram-se riscos em perícias
Do acidentário ao insalubre
Se eram bichos de pelúcia
Ou se a vaca tinha ubre
O homem, sem entender nada
Sem poder abrir a boca
A audiência se faz encerrada
O trabalhador assina com dificuldade
Para ele, a ata é coisa solta
Não importa sua realidade
Depois vem a prova contestada
E a sentença então será dada
As rugas e sua vasta idade
A mão tão calejada
Isso não valerá nada
Que venha o papel
A trazer sua vida sentenciada
Que o Homem lá do céu
Já tem opinião formada
Decimar Biagini
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