Solidão piramidal e nova escravidão - dessa vez digital - reflexão na sexta-feira da paixão!
Durante numerosas mudanças
Detectei que devia ser mais leve
Colocar tudo na balança
E entrar no processo "desapegue"
Também não significa
ser oposto de ávaro
Paul Valéry dizia frase que se apruma
"Preciso ser leve como o pássaro
e não como a pluma”
Os antigos egípcios
tinham uma crença de triagem
achavam que nos sacrifícios
na longa viagem
os mortos até chegar a seu destino
Fariam na alma pesagem
Na cerimônia, do deus Osíris
o morto fazia sua defesa
e se
declarava inocente
de pecaminosa bagagem
Seu coração
considerado
a sede da consciência
era colocado
numa balança
Certamente deveria ser
espírito de elevada luz
Se pesasse mais
que uma pena de avestruz
o morto
sofreria castigos
e até devorado
por um monstro mítico
Almas leves, em paz com a consciência
Seguiriam seu caminho com decência
e eventualmente poderiam
chegar ao paraíso
Se na alma fosse feita
hoje tal pesagem
num pós-covid
que oportunizou reciclagem
Não há quem duvide
pouquíssimas pessoas
seguiriam viagem!
A toxicidade e densidade
dessa era digital
De aparências
e comparações tóxicas
De falta de empatia,
pouca conformidade
e distanciamento descomunal
Nos deixaram balofos
com pedras amarradas
na própria vaidade
em solidão piramidal
Decimar da Silveira Biagini
28 de março de 2024